Você conhece alguém que sofre de diabetes financeiro? Provavelmente conheça, se eu te contar o que é o diabetes financeiro. E sim, o termo é inédito pois a criação da expressão veio das minhas reflexões cotidianas.

            Antes de falar do diabetes financeiro, cabe lembrar o que é o diabetes, e aqui essa conceituação ocorrerá de uma maneira simples, pois não há a pretensão de invadir a área de conhecimento dos médicos endocrinologistas. O diabetes é uma doença em que o corpo não produz a quantidade suficiente de insulina, hormônio responsável por controlar a entrada de glicose presente no sangue para as células, e consequentemente tecidos e órgãos. Há muita glicose disponível, mas o corpo não consegue utilizar por uma falha sistêmica. Uma frase representa bem o que acontece: o indivíduo com diabetes jejua em meio à fartura.

            Transportando esse cenário para o mundo das finanças, a pergunta será refeita: você conhece alguém que tem ótimas receitas e no final do mês não consegue guardar nenhum dinheiro? Ou ainda, pensando em empresas, você conhece empresários que tem altíssimo faturamento mas o valor do lucro líquido é irrisório? Se sim, esses indivíduos estão jejuando em meio à fartura, e o diagnóstico do diabetes financeiro acabou de se fechar.

            Por sorte, o tratamento para essa doença tem nome e sobrenome: gestão financeira. É um tratamento indolor e sem efeitos colaterais, que tem a missão de educar seus “pacientes” através de um roteiro simples, mas que exige disciplina e constância. Não cabem remédios, e sim ações:

  • Criação de metas financeiras, para determinar o quanto será o resultado desejado, e para quando;
  • Análise do perfil financeiro da família ou empresa, para turbinar pontos fortes na caça de oportunidades, e reduzir pontos fracos para eliminar ameaças;
  • Elaboração de uma planilha com tetos orçamentários, para que os gastos sejam controlados e não se desperdice com o que não é planejado;
  • Lançamentos dos valores de entrada e saída do caixa, diariamente, para que os ralos financeiros sejam estancados mais rapidamente.

            Uma vez implementada a gestão financeira, o diabetes financeiro deixa de acometer o paciente. E certamente impede que outras doenças apareçam (sim, o diabetes financeiro é porta de entrada para outras doenças como o diabetes clínico). As doenças que podem surgir são: hemorragia econômica (gastar mais que ganha), disfunção financeira (incapacidade de pagar as contas em dia) e a pior de todas, o desajuste patrimonial (incapacidade de pagar seus credores mesmo que todos seus bens sejam vendidos).

            Fica a sugestão: se você já está com sintomas de diabetes financeiro, é hora de rever hábitos e consumos! Um check-up é válido e recomendado.